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Neste início de ano letivo tem sido grata a interação com os novos alunos nas turmas em que tenho entrado para dar aulas. A administração da escola ainda não determinou quais serão as turmas de cada professor, então estamos indo dar aulas em turmas aleatórias. Ontem fiquei surpresa com alguns depoimentos que ouvi numa turma de primeira etapa do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) quando estávamos desenvolvendo uma atividade denominada "Que música eu sou?", em que os alunos e a professora se apresentam indicando uma música - que pode ser citada, declamada ou cantada - com a qual se identificam. Eu já havia desenvolvido essa atividade em outras turmas e o resultado é sempre surpreendente. Na turma em que estive ontem à noite algumas falas foram profundas, escancararam situações sociais que às vezes pensamos estarem distantes de nós, entretando elas estão bem ali, embaixo de nossas vistas. Foram corajosas as pessoas que expuseram suas experiências, suas inquietações, sem se preocupar com o julgamento daqueles que as ouviam. São essas lições de superação ou busca de, que me incetivam e motivam a continuar um trabalho que requer comprometimento com o fazer pedagógico humanizado, que não seja só um simples repasse de conteúdo ou o cumprimento de uma carga horária, mas um trabalho que permita ao aluno refletir a respeito do mundo que o rodeia, tomando consciência de sua importância na construção de sua realidade e de sua história, que possibilite a ele crescer e promover o crescimento de seus pares.
Não é possível não estar comprometido quando você encontra em sua sala de aula adultos que estiveram por cinco, dez, quinze, vinte anos ou mais afastados da escola, que resolveram voltar e estão ali, na sua frente, com brilho nos olhos e cheios de esperança de que esse é o caminho certo para a transformação. Alguns voltam principalmente por causa de seus filhos, para incentivá-los, servindo de exemplo, para ajudá-los com as tarefas escolares e para proporcionarem a eles um futuro melhor, uma vez que a conclusão do Ensino Médio possibilitará arrumar um emprego com remuneração melhor, além de abrir caminho para o Ensino Superior.
Infelizmente meus pontos de vista andam em desacordo com os da atual direção da escola, isto de certa forma engessa minhas ações, porém sou compromissada com meu trabalho, pois tenho consciência da minha responsabilidade frente aos desafios que se apresentam.
O Mestrado tem-me revolucionado o pensamento, as ações, pois por meio das leituras, dos debates, das trocas de experiência que tenho vivenciado no curso, estou refletindo profundamente sobre a minha prática, mudando o que não vinha fazendo direito e fundamentando o que fazia intuitivamente, acertos que agora respaldo pelos teóricos que tenho lido, encontrando respostas para minhas inquietações e buscando soluções para as que ainda não tenho resposta.